terça-feira, 11 de setembro de 2012

O situar que não situa.





- Situações? - perguntou a menina.
- Sim, situações. - respondeu a voz.
- O que são? Para que servem?
- Situações, menina, são as indiossincrasias que a vida, em sua resignação, trouxe consigo para o destino de todos afetar, alternar ou amputar.
As situações que todos vivemos, vivenciamos, suportamos e carregamos, fazem parte da grande roda da vida, quase uma rosa-dos-ventos que, aleatoriamente, desfere seus avais por entre os seres humanos (sobrehumanos ou subumanos).
Dentre elas temos as boas, as ruins e  as ‘sem importância’ (pois não ferem o ego feroz, é claro).
As boas decorrem talvez para alguns em menor quantidade, para outros em maior quantidade.
- Por que esta desigualdade? – interpelou a menina.
- Acalme-se. – disse a voz. Não há desigualdade, há aleatoriedade. E com ela se convive com aceitação. Ora, como aqueles acometidos com as situações ruins conseguem lidar com tantos fardos por vezes tão pesados? Com aceitação. Não há como saber o que virá; quem virá; por que foi; por que não foi; por que será e por ques várias vezes, quantas vezes quiser. O ruim não vem porque quer (pobre dele). Vem pois, porque é obrigado. Obrigado a seguir a roleta do gatilho da vida – impiedoso, descondoído. Preconceito bobo que se tem quanto ao ruim, não?! Vem um dia e não para de voltar mais durante a vida... “Coisa chata!”, pensei um dia. Mas o aceitar muda as visões, os prismas dos quais precisamos para podermos nos consubstanciar com a vida, para vivê-la. Necessitamos desses momentos para aprender... Aprender a nos fundirmos com a existência (não obrigatória), que é a que temos no momento, ou você tem outra? Caso tenha, s’il vous plaît, indique-nos o caminho, sem rodeios.
A simbiose que sobre-existe entre o que se aprende e o que se torna, perfaz o resplendor da alma bem vivida... Machucada? Talvez. Mas os estigmas da vida são curáveis... São bens de precisão.
 Mas, claro, existe a sobrinha neta da aceitação... A acomodação. Sim, ela... Um vírus que se espalha mais rápido que a aleatoriedade da roda da vida.
- E será que sou acomodada? – indagou a menina, com medo de um estado viral.
- Não. Ainda não! Você indagou-se se está nesta condição. A acomodação cega, vela e faz mitigar a própria vida, sem lugar in loco para indagações.
- E tem cura tal vírus? – perguntou a menina curiosa.
- Tem. Com o ruim... Aquele que incendeia a realidade em metástase no imo da vida. Portanto, não procure situar-se, pois não há como.

A Person At The Windown - Salvador Dalí

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Saudade que se come fria.


Às vezes, entre devaneios e problemáticas atinentes ao
dia-a-dia, surpreendo-me pensando nas pessoas que deixei para trás, nas pessoas que aguardam à frente e naquelas que não mais, um dia, estarão nessa frente limítrofe com o tempo que agora decorre da real súbita realidade.

A saudade, que comisera-se consigo mesma, austera e mal vivida, se contrai querendo fulgurar-se, procurando expansão.

Só o que fulgura pois, é a realidade. Fulgor que por vezes cauteriza, deixando nódoas e mazelas que nem a primevera da alma consegue absterger.

Doravante, será melhor cauterizar a saudade ou fulgurar o sentimento a essas pessoas que estão a tantos postos e que deixarão seus despojos um dia, senão breve?


Reminescence Archeologique de l'Angelus de Millet - Salvador Dalí

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Lei Seca

 Artigo feito por mim em cumprimento das exigências da disciplina Instituições de Direito Público e Privado - IDPP.
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Lei Seca: O útil inutilmente criado para a inaplicável aplicação

 

O assunto supracitado alude à questões que permeiam os mais diversos e peculiares debates. Uma Lei criada para conter ou até mesmoo findar (insone utopia) os índices de acidentes acometendo motoristas; ciclistas; pedestres; crianças nas calçadas e etc; devido ao uso indevido e exacerbado de bebidas alcoólicas ao volante ou, em alguns casos, ao guidon.
 Com o ímpeto de sua criação, gerou-se grande alarde entre a população, usuários eventuais - ou até diários -, de bebidas alcoóliocas, o comércio e até a indústrica 'alcoólica'.
 Para alguns, em deveras minoria, utiliza-se o método "o motorista da rodada", onde pondera-se quem, dentre o grupo de amigos, não fará a ingestão de bebidas alcoólicas e que deixará cada um dos outros "ingestores" em suas respectivas casas.
  O comércio, preocupado com a queda no consumo de bebidas, prôpos algo consideravelmente enternecente: o "motorista solidário", colaborador do estabelecimento que, estritamente, deve deixar o consumidor "levemente" alcoolizado em sua residência.
    Entretanto, elucidou-se questões relativamente brandas a respeito do assunto.
  Percebe-se sempre em noticiários e reportagens, gravíssimos acidentes envolvendo motoristas embriagados... Acidentes estes que, em grande parte, levaram a óbito. Os infratores, claro, estão todos presos, ou foram devidamente penalizados!!!
    Ledo engano!
    Reside aí o pi, o alfa e o beta da questão.
   Entre paradoxos e discrepâncias da lei, a cada dia, a situação se agrava... Testes não se tornam obrigatórios; testemunhas mal são ouvidas e pouco pode se fazer quando os infratores estão alocados nas classes A e B.
    Uma efetiva resolução a curto prazo faz-se desconhecida. E é, talvez, díficil ter-se apego a uma lei por vezes tão claudicante.
    Deveria-se apenas se aplicar melhor o Art.5 da Constituição e, ao mesmo tempo, vicejar por uma melhor aplicabilidade: a punição justa aos infratores, pois, o pecúnio por si só apenas alimenta a maquina, mas não lubrifica suas engrenagens.
    Clama-se que em um futuro próximo possa se proferir menos por medidas e por ações. A sociedade quer apenas justiça, atos exequíveis e válidos e que não onerem mais o interno perfurado por injustiças da sociedade cidadã e comiserada.

Jonatan Mendes.

    


    
    
     

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A Paixão Segundo/Seguindo a mim.

Dream Caused by the Flight of a Bee around a Pomegranate
Salvador Dalí

Venho, querendo...
Baixa, algoz que só...
Só, que deu dó...
Dó, do lado de baixo...
Baixo, do tiro ao alto...
Alto, da esfera comida...
Comiserada pois, pelo fogo...
Fogo, que sei suando...
Suor, que sai batendo...
Batendo, que nem segundos...
Segundos, enternecentes ao nú do olho pudico...
Ponderado, se desfez...
Re-fê-lo, condizendo...
Fazendo, só que salto...
Fulguras, óh que vil!
Servil, que foi seguindo...
Seguindo, segundo a mim...
Minado, carinho foi...
Fui, vendo... reju-veneno.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Sexualidade das Coisas


- Andei, procurando.
- Pelo que? – indagou o sexo.
- Pelo vento esmiuçante remanescente da realidade.

Girafa em Chamas - Salvador Dalí
Por demais, andei, pois, procurando. O postulado nunca foi suficientemente forte para mitigar a dor funda do raso do cerne ardente da atmosfera póstuma do ser que pensa de imediato. Pensou? Então ardeu! Passe gelo, anchovas e macadâmias. Será útil? Se será, sei lá se foi pois, não pensei.
Pernas cansadas... Falanges em atrito com aquela disfunção serena do martelo que pulsa, pulsa, pulsa, pulsa... Cansei!
- Casou-se de que?  - perguntou-me A Coisa, sem que eu fosse algo ou quaisquer resquícios de alguma coisa.
- Da normalidade cubista do surrealismo das ações destes bestiais aboriginalizados e normais. – murmurei com rouquidão para defender-me do pulso (lembra?).
Oriundidade, pois, que sei lá de onde veio. Tudo veio de tudo? Como pode isso?
Meu querido Kardec, creio, deve ter brincado comigo pois, que espírito é esse? Tão palpável e incomensurável, que chega a coçar-me o afã do ventre que não possuo. Mais parece advir de diretrizes cômicas, politeatrais.
São tantos corolários, que me perco em tanta verossimidade.
Verossimidade? – gargalhei!
Cada um é cada um; cada um é “nada”; cada qual  é qualquer cada; nenhum é cada coisa e que coisa é cada um, não?
- Ôh Coisa! A normalidade cansa; estranha; entorpece; dilubria; ensaia; adormece e conflui. – gritei!
- Por que toda essa rebeldia? Onde andará sua sexualidade; sua sexocausualidade; sua sexonormalidade e sua sexodepricialidade? Sua contumácia o abstém demais. Acha que tantos  radicais e prefixos existem mesmo? Hetero-, homo-, poli-, , (risada irônica). Uma ova! Acredito sim em fobia, necro, morfo, algia e, claro, no auto.
Apenas sorria! Estamos todos sendo roubados.
- Andei... Para o céu olhei. De repente, passou... A vida? A Coisa?
Não, o desespero daquele que, sublevando-se, achou a porta. Só a porta? Como abri-la? (medo)
Gargalhou por horas o espírito.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Fogo que arde sem se ter...


Tão estranha é esta sensação que vai me dominando em dominós simétricos e sincronizados, me deixando cada vez mais louco em minha mais nobre sombra de dúvida. Ela – a sensação, não a loucura - vai me consumindo, como se fossem pequenos vermes secos e ásperos me devorando aos poucos... bem aos poucos; como se eu fosse aquele doce que nunca perde a doçura.
Depois de alguns estantes, esta sensação que vai começando a se fazer deliciosa, vai se modificando em metástase, até que eu permaneça completamente tomado por ela – agora sim, a loucura.
Sinto então um fogo de hulha por entre os orifícios superiores que vai prosseguindo por entre os neurônios, adentrando profundamente por entre o sangue; invadindo os linfos, e contaminando meu conteúdo extremamente venoso. Tento controlá-lo com o pensamento, mas é muito pesado – para uma cabeça tomada pela loucura. Tento controlá-lo com a água, mas dizem que a água só piora o incêndio em determinadas vezes, e já estou todo em chamas - as chamas do desespero de não saber de onde vem esse fogo tão estranho às minhas artérias tão cultas. Tento controlá-lo com óleo, mas o óleo só faz propagar ainda mais tais desgraçadas chamas com a sua total tendência a se misturar com a loucura. Tento então controlá-lo com as mãos, e vou perambulando com elas pelo meu corpo, procurando indícios deste fogo delicioso que me desespera e me excita. Então, de repente, chego nas partes mais inferiores e me deparo com aquela área (área particular, que nem o fogo tinha o direito de adentrar) que se fundiu a mim e ao fogo.
As mãos então começam a sua mais esperada ação para conter este fogo. Tudo começa a tremer, começando pelos pensamentos. Tudo começa a relaxar, começando pelos músculos. Tudo começa a arder, começando pela alma. Então, tudo se finda em um momento único entre mãos, fogo, loucura e desespero, fazendo com que eu tivesse aquela sensação de quando se concentra e se expandi, como numa explosão; fazendo assim, com que eu ficasse completamente além do que sempre fui, e a frente do que por tempos permaneci.

O fogo? Era apenas o tesão.
A loucura? Apenas a vontade prematura.
O desespero? Apenas aquela delícia desembestada.
As mãos? Apenas receptáculos de prazeres que conheci pela primeira vez... Primeira de muitas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A volta.. Doce volta.

Sempre quis voltar àquele lugar... Ah sim, aquele estaleiro que todos vamos quando somos crianças, e nos lembramos tão bem dos detalhes deste lugar tão conhecido pelas nossas mentes inquietas. Qual é o seu estaleiro? Sim, aquele lugar que você adorava nos primórdios, mas que agora lembra eventualmente, esforçando-se para esquecer.

Quero voltar também à Casa da Mãe Joana! Aquela casa que vamos e nos sentimos como na nossa própria, ou melhor, como se fosse a nossa, mas com certa paz - aquela que não temos no próprio leito.

Porque precisamos sempre voltar? O que é voltar? Voltar... Dissílabo estranho esse.

Voltar é relembrar? pensar de novo, ou simplesmente dar a volta? Sim, dar a volta. Este seria o conceito ideal de voltar. Dar a volta naqueles lembranças mortas que queríamos que fossem reais, mas que não podemos. Não, não podemos!

Porque nem tudo tem volta.. O voltar pode ser maleável, mas é tocável apenas com os olhos, pois o tato não tem volta.. ele não se lembra.

A importância do voltar é a mesma que se dá a algo que não se quer um dia, mas que se quer no outro, depois daquele arrependimento amargo, porém doce nas têmporas incomodadas.


A volta seria a revolta? E a revolta, seria o que? A volta que voltou de um ponto que não se lembra de dar voltas... Revoltantes voltas.

Dar a volta seria apenas voltar de um ponto de que um dia se partiu? Ou partir de um ponto que já se foi? Ou começar de um ponto que sempre volta?

Eu só queria me lembrar, sem dar a volta. E dar a volta, lembrando.

Mas creio que vou partir daquele ponto... Aquele que sou eu, querendo voltar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher



Mulher?


Aconchego. Fruto... Bendito Fruto. Colo. Descanso. Deleito.

Mulher?
Alma dividida em partes assimétricas e descontroladamente sutis que levam à loucura sem perguntar por quê!
Brilham mais que as estrelas, reverberando saudades e revelando conflitos confusos no âmago do ser materno.
Sereias cantarolantes que hipnotizam o mais profundo do inconsciente pelo afeto que se esqueceu que um dia foi dado.
Fadinhas a dançar entre asas que cintilam o olhar amoroso que só este sexo tem.
Mulher?
Sim. Mas também anjos esperançosos se alimentando de nuvenzinhas pardas com gosto de ardor incessante que tem o valor da luta.
Mulher?
Sim. Água doce. Corpo Salgado. Frescor encarcerado e olhar despedaçado. Futuro presente e passado próximo. Chocolate com pimenta. Libido instantânea. Aroma arrepiante e medo impactante.
Mulher?
Não! Razão de tudo! Motivo da conseqüência. Momento antecessor ao amor antecedido pelas carícias entre as mãos. Rostos risonhos e cabelos ao vento, voando pétalas de beleza pura. Ingenuidade intrísseca e inocência rasteira.
Este sexo oposto que é a nossa mais perfeita metade. Alma progenitora e amor gratuito. Colo desinteressado e seio farto.

Estas são as mulheres: a essência do mundo; a nossa essência, nosso salto, nosso mais puro amor adocicado com graça e folhas abertas.

Interior selado?
Não, sexo abençoado e gotas de romance aos quatro ventos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Problemas

Um dia pensei que tinha problemas. Hoje simplesmente não penso que tenho problemas, eu apenas os sinto dentro de mim, coagulando dentro de mim, como se fizessem parte do meu sangue – e não fazem?
Alguns problemas parecem mais poemas embaralhados em estigmas estraçalhados que vão penetrando e penetrando cada vez mais por dentro da minha epiderme, causando tumulto na massa encefálica que eu custo tanto a deixar organizada. Com isso, minha mente vai adquirindo aquele arroxeamento clássico daqueles problemas em vermelhidão que vão sugando partes de meus pensamentos e me tornando oco – por fora ou por dentro?
Sinto que às vezes vou me esvaindo em areia, tornando-me um com o vento e caminhando para lugares criando também outros problemas – não para mim, mas para o próprio vento, pois nós mesmos somos os nossos maiores problemas. Somos nossa própria doença venérea. Coisa fétida essa doença. Acha que devo me sentar e vê-la passar enquanto fico prostrado na cadeira observando como ela toma conta dos meus movimentos. E eu quase sempre a deixo fazer isso. Mas isso muda? Pode realmente mudar?
A mudança é o mais grave dos problemas, pois complica ainda mais os problemas que em si já causam mudanças. Mudança para alguns significa perigo. Mas para mim é apenas aquele veludo com alguns espinhos macios que me espetam querendo que eu me conforme.

Problemas... Mais problemas. Resolva-os ou... Ou... Ou...

Torne-se um.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Das Tripas Coração.

Já percebeu como as nuvens passam e seus olhos não conseguem acompanha-las?
- Olhos lerdos!
Vejo árvores sobrepostas e movendo – debatendo-se – e o céu ao fundo com aquelas nuvens que não consigo entender. (Desespero!).
As nuvens correndo – quase saltitando, as árvores se debatendo e os pássaros a cantar, e eu nunca consigo entender nada.
Talvez seja porque eu seja o vazio dos dias. Dos meus ou dos outros dias, pois dias são muitos, não apenas eu.
Concomitantemente [...] Não sei! Em meio a essas chuvas tempestivas e amores em carnificina, torno-me a própria chuva. A chuva que caí em pedras lisas, deslizando por entre as vidas em cifras passadas e valores ancestrais que ainda adoto.
Pedra cai... Pedra caiu... Desfaleci... Convalesci neste resguardo que alma teve antes, porém depois de incinerar o ventre, enumerando-o.
Gotas... Gotículas... Gotejo. Facas cegas que ceifam aquele momento que se chama prazer, intermitente ao fazer que também são aquelas facas – cegas em olhos de pessoas desesperadamente sãs.
Vida vai... Socos voam... Gritos ecoam... Meu medo oco... Vida seca...

Das tripas coração.

Passeios, Passados e Passarinhos.

Um dia, sonhei com formiguinhas falantes, árvores saltitantes e capim dançante.

Era um mundo maravilhoso, onde o existir é apenas mera coincidência. Era, pois as eras vão embora e levam consigo muitas eras que eu não verei mais. Talvez algum dia. Talvez, pois já era.

Sobrecarrego-me de livros teimosos e temerosos por exasperar tanto de mim que não consigo aprender, pois era fácil, e as eras já passaram.

O ontem já passou, mas passará novamente. O agora é o que se passa e amanhã se tornará ontem. O amanhã passará depois de hoje, e quando se passar se tornará o agora – este momento que passa, nunca passando.

Conflitos entre nuvens – enciumadas – que não aceitam as coincidências do agora é o que mais vejo. Escuto sempre os lampejos dos trovões reclamando das noites calmas e do sossego que os fazem não existir.

Ora, pois, então a vida é feita de coincidências, eras, passagens e túneis do tempo aberto, pois como o tempo, eu também passo.

Estou passando. E amanhã... Amanhã passei.

sábado, 22 de agosto de 2009

Mulher?

Em homenagem às nossas mulheres, razões diretas e indiretas do nosso existir. =)



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Mulher?


Aconchego. Fruto... Bendito Fruto. Colo. Descanso. Deleito.

Mulher?
Alma dividida em partes assimétricas e descontroladamente sutis que levam à loucura sem perguntar por quê!
Brilham mais que as estrelas, reverberando saudades e revelando conflitos confusos no âmago do ser materno.
Sereias cantarolantes que hipnotizam o mais profundo do inconsciente pelo afeto que se esqueceu que um dia foi dado.
Fadinhas a dançar entre asas que cintilam o olhar amoroso que só este sexo tem.
Mulher?
Sim. Mas também anjos esperançosos se alimentando de nuvenzinhas pardas com gosto de ardor incessante que tem o valor da luta.
Mulher?
Sim. Água doce. Corpo Salgado. Frescor encarcerado e olhar despedaçado. Futuro presente e passado próximo. Chocolate com pimenta. Libido instantânea. Aroma arrepiante e medo impactante.
Mulher?
Não! Razão de tudo! Motivo da conseqüência. Momento antecessor ao amor antecedido pelas carícias entre as mãos. Rostos risonhos e cabelos ao vento, voando pétalas de beleza pura. Ingenuidade intrísseca e inocência rasteira.
Este sexo oposto que é a nossa mais perfeita metade. Alma progenitora e amor gratuito. Colo desinteressado e seio farto.

Estas são as mulheres: a essência do mundo; a nossa essência, nosso salto, nosso mais puro amor adocicado com graça e folhas abertas.

Interior selado?
Não, sexo abençoado e gotas de romance aos quatro ventos.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sentido.

Sentido; que sentido tem?



Queria tocar o sentido que a falta de sentido do viver tem. Mas existir sem estes sentidos camuflados que colorem confusão nas lacunas do labirinto da mente, se torna cada vez mais sem sentido.

Os sentidos? Dizem que tenho cinco. Mas sinto seis, sete e ontem senti apenas um: a falta de sentido.

Não vejo; Não falo; Não ouço; Não sinto; Não toco e mesmo assim dizem que tenho sentidos.

Ver é apenas o ato involuntário das cores que te enganam e você acredita.

Falar é algo ambíguo porque também ouço aquelas vibrações soltas que saem de mim sem vontade e com obrigações de chegar a outrem.

Ouvir é o mais doce dom que se dá a quem fala, pois, feri a vontade a menos que se tampem os ouvidos.

Sentir é por acaso a falta de sentido que o toque causa quando tocamos a vida e então a denominamos abstrata, porque não conseguimos nem nos tocar – nós, essa falta de sentido cheia de confusão.

E tocar é o mais profundo sentido que criamos. Tocamos o que queremos. Tocamos até o que não queremos, pois, somos sumariamente consumidos e acometidos por aquele desejo de tocar que nem nos toca; esvaindo-nos.

- Toque?
- Não, elas, feridas semi abertas. Sem sentido... Sem sentidos.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Contando


Eu = antítese morfológica em meio a semânticas justapostas em radicais livres; porta retrato com fotografias borradas e ideais cabalísticos. .
A mais pura preguiça de respirar, agachando-me para poupar os pulmões da vida forçada. A alegria dos pés que pulam amassando a uva, transformando-a em vinho dançarino e cantarolante.
Soma dividida pela multiplicação de coeficientes desconhecidos e equações desconfiadas da radiciação que enobrece a parábola da vida em meio a resultados.
Andanças de catetos com hipotenusas profanas que me enquadram em prisões de raízes que sem compactam, diminuindo-se.
E eu sempre me pergunto: Como farei para viver em quadrados perfeitos e incógnitas brandas?
Talvez eu seja o x da questão; o y do fato ou o n possibilidades de ser o rosto desenhado do plano cartesiano do mais profundo logaritmo mentiroso que beija os ímpares e que se deita aos pares.
Verbo inconjugado, malicioso e que joga em imperativos subjetivos por passado, presente e por perfeição.
O enigma enganado da mentira solene do objeto indireto de um sujeito óculo que só pede café quando alimento-o com predicados, ou quando se torna o verbo transitivo direto que sempre pede o ‘se’; leia-se ligeira dúvida.
Conjunção; adjunto junto a promessas; comércio e retas pronominais de exatidão e fios de delta insuficientes para controlarem a reta em ângulos mortos.

No fim, apenas multiplico-me, diminuindo-me por contas mal feitas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Corrosão

Acordo. Olho. Desejo. Tremo. Quero. Almejo. Pego as notas. Luto contra mim. Venço-me; derrotando-me. Mordo o pano. Rôo a unha ansiosa.
Que frescor é este que vem galopando pela minha cabeça desferindo açoites e chibatadas gratuitas mesmo eu as querendo?
É como se fossem estalaquitites afiadas perfurando a minha cabeça e tentando dizer: “Você quer e não quer – quer enquanto ferirem as vontades avassaladoras que nem conheço quando adormeço, pois no sono, apenas um eu acorda, e ele não se toma de vícios e sim de risos.”
Ele então ri de mim enquanto sonho, me batendo com gargalhadas esmuiçantes, desafiando meus dedinhos ansiosos por fumaça que só funcionam quando me desperto.
Gostaria também de rir de outros dedinhos. Mas como rir deles, se o meu apodrece em vontades incontroláveis de aspirar ao dilúvio da minha vida esfumaçada pela fotossíntese tóxica que enegrece os pulmões?
Canso-me dia após dia destas estalaquitites sem assunto e que tocam sempre a campanhia do meu outro eu querendo que eu desperte para poderem perfurar-me mais suavemente.
Quero viciar-me em mim mesmo, que sou o mais puro gosto de ingenuidade. Mentira. Sou a mais pura acidez que me corrói. Quero parar de desejar tão afoito aquelas moléculas que me estufam depois de me satisfazerem. Quero apenas o vício pela vida, pois ela é a única que não me perfura o dedo, mas que sangra a lembrança do desejo, esquecendo-o.

Eu quero e Eu posso. Perfurar-me; corroendo-me.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sexualidade e Anjos sem Asas.

Sexualidade é uma definição que nos damos que me intriga até naqueles momentos mais íntimos que temos quando fechamos a porta e nos deleitamos sentados e pensativos, permitindo-nos entrar em transe quando nossas impurezas nos dão ‘tchau’. Talvez me intrigue tanto porque nem exista. Deve ser apenas um símbolo; um ponto de referência para aqueles desacreditados que se prendem e se vendam com seus próprios desejos.
Hétero, Bi, Tri, Quadri, Homo e etc, são estereótipos ridículos para se dar a macacos criados por uma sociedade que nem aprendeu ainda a controlar sua própria libido por qualquer espécie de corpo.
Já nascemos com definições próprias sobre o que poderemos um dia gostar. Bobagem, bobo! Não nascemos com tal regalia, apenas viemos ao mundo com a genitália e com a mente despreparadas para tal escolha imposta quase que já na gestação.
Nunca seremos exatamente o que queremos ser, pois um dia, os olhos quentes falarão mais alto e nos encontraremos entre o desejo a imposição moral de nos controlarmos.
O mundo é movido por instintos incontroláveis, mais parecidos com vontades inconscientes de diferenciar um pouco as opções.
E onde fica o sentimento nisso tudo?
Pois é. Eu também gostaria de saber. Ele deve ficar em casa, trancado no criado mudo quando saímos de casa e deixamos lá o resto de nossas opções.
Nem sempre somos comandados pelo coração, pois ele não abre a boca para falar (é tímido demais). Então achamos que ouvimos o coração falar e nos guiamos por algo que nem aprendeu a se expressar – a voz do coração. Assim sendo, qual voz nos fala? A do coração – que ainda não aprendeu a gesticular -, ou a voz da vontade desembestada e secular de possuirmos corpos e mais corpos em um frenesi que nem nos permite querer ver rosto de quem se possuí?
Acho melhor pararmos de tentar nos definir e pararmos também de conjugar o verbo ser, pois sabemos que apenas conjugamos o querer com aquela gota de mentira quente.
Se você consegue escutar a voz do coração, alegre-se por tê-lo ensinado a gritar. Mas se você não consegue, continue conjugando a vida até ficar surdo o bastante para não conseguir mais escutar nem seus desejos; leia-se volúpia assexuada.

- E então abri a gaveta. E nela nada tinha apenas o vestígio da chave da carne!





Jonatan Mendes Ribeiro.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Garfinho Egoísta

Estava passeando de mãos dadas um dia desses comigo mesmo e me deparei com uma volúpia incontrolada pelo garfo enferrujado que me cortou e me fez adoecer em afãs safados e fornicados; leia-se comer-se a si mesmo.

Então, fui massageando a glande da minha vida e senti aquele orgasmo fictício que me incorpora em desejos assexuados por não ter um sexo definido com meu casal – este outro ‘eu’ teatral que jorra girininhos envoltos de óvulos, dos quais não gosto.

Nasci de novo em meia àquela orgia tapada que me tranca em quartos escuros e que me faz comer aquele buraquinho de tatu – este buraco que me suga em formiguinhas formigadas -, fazendo-me desferir aquele ‘ai’ suculento quando se lambe a existência, mas com preservativos furados.

Vou agora caminhando comigo mesmo. Cheguei ao quarto. Despi-me. Tirei as calças, os cílios vermelhos, que mais parecem sangue naquele invólucro desacreditado na cuequinha branca. Sentei-me então em cima daquilo que mais desejava. Rodopiando o casulo verde, porém maduro, dos cabelos envelhecidos com verniz e absinto – diga-se de passagem, aquele olinho lubrificante.

Estou nu na cama – eu ou meu outro eu? -, e eu me pergunto a mim – a mim ou a meu ‘eu’? - : Começaremos então o ato ou agora o fato?

E eu respondi para mim mesmo: - Não, pois o tempero está na lama, e quero me sujar neste ato, para embelezar-me a pele e fazê-la falsa para que eu me satisfaça em comê-lo de lado; uivando letrinhas que se juntam e que formam essa sopa que só tem no intestino, depois que o enigma da lavagem se escondeu da minha chuva de leite doce que eu mesmo não tenho coragem para tocar.

Por fim, entraremos juntos neste ápice voluptuoso e volumo que me indaga ao seguinte: Serei eu apenas um escravo ou uma Chica escrava de um ‘eu’ que só quer meu corpo?

[...]
E eu ainda me esqueci do passarinho.

domingo, 21 de junho de 2009

Realítico

O mundo pra mim se tornou uma coisa tão estranha, que fica difícil assimilar e conjugar a existência com os pensamentos. Será que o mundo existe mesmo ou tudo não passa sentidos frustrados?
Como disse um filósofo: “Vivemos na realidade e sonhamos ou nossos sonhos são a realidade, e o que denominávamos realidade são nossos sonhos?
Pessoas... Pessoas... Pessoas...- Coisa esquisita!Pessoas? Peso? Medida? Confusão certa da realidade? Vejo pessoas e suas atitudes e só me resta dormir. Coisa sonolenta essa vida cheia de pesinhos mortos em medidas extremas. Sentimentos sofridos e sentidos apurados que me confundem quando quero seguir o meu caminho.Não quero nem o bem, nem o mal. Quero talvez o que está entre estes conceitos arcaicos que cansam meus tornozelos, confundindo-os.Talvez esteja simplesmente ao lado; ao lado da vida. Talvez este seja o caminho.Apenas sei que não quero este caminho. Há muitas flores no percurso. E eu só quero espinhos, que me fazem sangrar e sentir esta delícia de ser mortal.- Este é o mal! Acho que fui então soterrado e esqueci-me de parar de respirar - Este é o bem: Parar por um momento, indagando-se "Sou um peso ou apenas alguns centímetros de pura irrealidade?".