Estava passeando de mãos dadas um dia desses comigo mesmo e me deparei com uma volúpia incontrolada pelo garfo enferrujado que me cortou e me fez adoecer em afãs safados e fornicados; leia-se comer-se a si mesmo.
Então, fui massageando a glande da minha vida e senti aquele orgasmo fictício que me incorpora em desejos assexuados por não ter um sexo definido com meu casal – este outro ‘eu’ teatral que jorra girininhos envoltos de óvulos, dos quais não gosto.
Nasci de novo em meia àquela orgia tapada que me tranca em quartos escuros e que me faz comer aquele buraquinho de tatu – este buraco que me suga em formiguinhas formigadas -, fazendo-me desferir aquele ‘ai’ suculento quando se lambe a existência, mas com preservativos furados.
Vou agora caminhando comigo mesmo. Cheguei ao quarto. Despi-me. Tirei as calças, os cílios vermelhos, que mais parecem sangue naquele invólucro desacreditado na cuequinha branca. Sentei-me então em cima daquilo que mais desejava. Rodopiando o casulo verde, porém maduro, dos cabelos envelhecidos com verniz e absinto – diga-se de passagem, aquele olinho lubrificante.
Estou nu na cama – eu ou meu outro eu? -, e eu me pergunto a mim – a mim ou a meu ‘eu’? - : Começaremos então o ato ou agora o fato?
E eu respondi para mim mesmo: - Não, pois o tempero está na lama, e quero me sujar neste ato, para embelezar-me a pele e fazê-la falsa para que eu me satisfaça em comê-lo de lado; uivando letrinhas que se juntam e que formam essa sopa que só tem no intestino, depois que o enigma da lavagem se escondeu da minha chuva de leite doce que eu mesmo não tenho coragem para tocar.
Por fim, entraremos juntos neste ápice voluptuoso e volumo que me indaga ao seguinte: Serei eu apenas um escravo ou uma Chica escrava de um ‘eu’ que só quer meu corpo?
[...]
E eu ainda me esqueci do passarinho.
amigooo
ResponderExcluirmuito bem escrito
e um tema super provocante
ta de parabens
abraaços
daniel t
Hum.... Ta super bacana ! Escrevendo supeer beem ! Amei ! rs !
ResponderExcluirShow de bola !
Rodrigo A. !
Sim, essas andadas com nossos 'eu' interiores [repare no plural bem empregado] são deliciosos.
ResponderExcluirO legal da vida é ser vários eu's, mas não se esqueça que no final das contas, somente é um.