sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Sexualidade das Coisas


- Andei, procurando.
- Pelo que? – indagou o sexo.
- Pelo vento esmiuçante remanescente da realidade.

Girafa em Chamas - Salvador Dalí
Por demais, andei, pois, procurando. O postulado nunca foi suficientemente forte para mitigar a dor funda do raso do cerne ardente da atmosfera póstuma do ser que pensa de imediato. Pensou? Então ardeu! Passe gelo, anchovas e macadâmias. Será útil? Se será, sei lá se foi pois, não pensei.
Pernas cansadas... Falanges em atrito com aquela disfunção serena do martelo que pulsa, pulsa, pulsa, pulsa... Cansei!
- Casou-se de que?  - perguntou-me A Coisa, sem que eu fosse algo ou quaisquer resquícios de alguma coisa.
- Da normalidade cubista do surrealismo das ações destes bestiais aboriginalizados e normais. – murmurei com rouquidão para defender-me do pulso (lembra?).
Oriundidade, pois, que sei lá de onde veio. Tudo veio de tudo? Como pode isso?
Meu querido Kardec, creio, deve ter brincado comigo pois, que espírito é esse? Tão palpável e incomensurável, que chega a coçar-me o afã do ventre que não possuo. Mais parece advir de diretrizes cômicas, politeatrais.
São tantos corolários, que me perco em tanta verossimidade.
Verossimidade? – gargalhei!
Cada um é cada um; cada um é “nada”; cada qual  é qualquer cada; nenhum é cada coisa e que coisa é cada um, não?
- Ôh Coisa! A normalidade cansa; estranha; entorpece; dilubria; ensaia; adormece e conflui. – gritei!
- Por que toda essa rebeldia? Onde andará sua sexualidade; sua sexocausualidade; sua sexonormalidade e sua sexodepricialidade? Sua contumácia o abstém demais. Acha que tantos  radicais e prefixos existem mesmo? Hetero-, homo-, poli-, , (risada irônica). Uma ova! Acredito sim em fobia, necro, morfo, algia e, claro, no auto.
Apenas sorria! Estamos todos sendo roubados.
- Andei... Para o céu olhei. De repente, passou... A vida? A Coisa?
Não, o desespero daquele que, sublevando-se, achou a porta. Só a porta? Como abri-la? (medo)
Gargalhou por horas o espírito.

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