quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sentido.

Sentido; que sentido tem?



Queria tocar o sentido que a falta de sentido do viver tem. Mas existir sem estes sentidos camuflados que colorem confusão nas lacunas do labirinto da mente, se torna cada vez mais sem sentido.

Os sentidos? Dizem que tenho cinco. Mas sinto seis, sete e ontem senti apenas um: a falta de sentido.

Não vejo; Não falo; Não ouço; Não sinto; Não toco e mesmo assim dizem que tenho sentidos.

Ver é apenas o ato involuntário das cores que te enganam e você acredita.

Falar é algo ambíguo porque também ouço aquelas vibrações soltas que saem de mim sem vontade e com obrigações de chegar a outrem.

Ouvir é o mais doce dom que se dá a quem fala, pois, feri a vontade a menos que se tampem os ouvidos.

Sentir é por acaso a falta de sentido que o toque causa quando tocamos a vida e então a denominamos abstrata, porque não conseguimos nem nos tocar – nós, essa falta de sentido cheia de confusão.

E tocar é o mais profundo sentido que criamos. Tocamos o que queremos. Tocamos até o que não queremos, pois, somos sumariamente consumidos e acometidos por aquele desejo de tocar que nem nos toca; esvaindo-nos.

- Toque?
- Não, elas, feridas semi abertas. Sem sentido... Sem sentidos.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Contando


Eu = antítese morfológica em meio a semânticas justapostas em radicais livres; porta retrato com fotografias borradas e ideais cabalísticos. .
A mais pura preguiça de respirar, agachando-me para poupar os pulmões da vida forçada. A alegria dos pés que pulam amassando a uva, transformando-a em vinho dançarino e cantarolante.
Soma dividida pela multiplicação de coeficientes desconhecidos e equações desconfiadas da radiciação que enobrece a parábola da vida em meio a resultados.
Andanças de catetos com hipotenusas profanas que me enquadram em prisões de raízes que sem compactam, diminuindo-se.
E eu sempre me pergunto: Como farei para viver em quadrados perfeitos e incógnitas brandas?
Talvez eu seja o x da questão; o y do fato ou o n possibilidades de ser o rosto desenhado do plano cartesiano do mais profundo logaritmo mentiroso que beija os ímpares e que se deita aos pares.
Verbo inconjugado, malicioso e que joga em imperativos subjetivos por passado, presente e por perfeição.
O enigma enganado da mentira solene do objeto indireto de um sujeito óculo que só pede café quando alimento-o com predicados, ou quando se torna o verbo transitivo direto que sempre pede o ‘se’; leia-se ligeira dúvida.
Conjunção; adjunto junto a promessas; comércio e retas pronominais de exatidão e fios de delta insuficientes para controlarem a reta em ângulos mortos.

No fim, apenas multiplico-me, diminuindo-me por contas mal feitas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Corrosão

Acordo. Olho. Desejo. Tremo. Quero. Almejo. Pego as notas. Luto contra mim. Venço-me; derrotando-me. Mordo o pano. Rôo a unha ansiosa.
Que frescor é este que vem galopando pela minha cabeça desferindo açoites e chibatadas gratuitas mesmo eu as querendo?
É como se fossem estalaquitites afiadas perfurando a minha cabeça e tentando dizer: “Você quer e não quer – quer enquanto ferirem as vontades avassaladoras que nem conheço quando adormeço, pois no sono, apenas um eu acorda, e ele não se toma de vícios e sim de risos.”
Ele então ri de mim enquanto sonho, me batendo com gargalhadas esmuiçantes, desafiando meus dedinhos ansiosos por fumaça que só funcionam quando me desperto.
Gostaria também de rir de outros dedinhos. Mas como rir deles, se o meu apodrece em vontades incontroláveis de aspirar ao dilúvio da minha vida esfumaçada pela fotossíntese tóxica que enegrece os pulmões?
Canso-me dia após dia destas estalaquitites sem assunto e que tocam sempre a campanhia do meu outro eu querendo que eu desperte para poderem perfurar-me mais suavemente.
Quero viciar-me em mim mesmo, que sou o mais puro gosto de ingenuidade. Mentira. Sou a mais pura acidez que me corrói. Quero parar de desejar tão afoito aquelas moléculas que me estufam depois de me satisfazerem. Quero apenas o vício pela vida, pois ela é a única que não me perfura o dedo, mas que sangra a lembrança do desejo, esquecendo-o.

Eu quero e Eu posso. Perfurar-me; corroendo-me.