sexta-feira, 30 de abril de 2010

Fogo que arde sem se ter...


Tão estranha é esta sensação que vai me dominando em dominós simétricos e sincronizados, me deixando cada vez mais louco em minha mais nobre sombra de dúvida. Ela – a sensação, não a loucura - vai me consumindo, como se fossem pequenos vermes secos e ásperos me devorando aos poucos... bem aos poucos; como se eu fosse aquele doce que nunca perde a doçura.
Depois de alguns estantes, esta sensação que vai começando a se fazer deliciosa, vai se modificando em metástase, até que eu permaneça completamente tomado por ela – agora sim, a loucura.
Sinto então um fogo de hulha por entre os orifícios superiores que vai prosseguindo por entre os neurônios, adentrando profundamente por entre o sangue; invadindo os linfos, e contaminando meu conteúdo extremamente venoso. Tento controlá-lo com o pensamento, mas é muito pesado – para uma cabeça tomada pela loucura. Tento controlá-lo com a água, mas dizem que a água só piora o incêndio em determinadas vezes, e já estou todo em chamas - as chamas do desespero de não saber de onde vem esse fogo tão estranho às minhas artérias tão cultas. Tento controlá-lo com óleo, mas o óleo só faz propagar ainda mais tais desgraçadas chamas com a sua total tendência a se misturar com a loucura. Tento então controlá-lo com as mãos, e vou perambulando com elas pelo meu corpo, procurando indícios deste fogo delicioso que me desespera e me excita. Então, de repente, chego nas partes mais inferiores e me deparo com aquela área (área particular, que nem o fogo tinha o direito de adentrar) que se fundiu a mim e ao fogo.
As mãos então começam a sua mais esperada ação para conter este fogo. Tudo começa a tremer, começando pelos pensamentos. Tudo começa a relaxar, começando pelos músculos. Tudo começa a arder, começando pela alma. Então, tudo se finda em um momento único entre mãos, fogo, loucura e desespero, fazendo com que eu tivesse aquela sensação de quando se concentra e se expandi, como numa explosão; fazendo assim, com que eu ficasse completamente além do que sempre fui, e a frente do que por tempos permaneci.

O fogo? Era apenas o tesão.
A loucura? Apenas a vontade prematura.
O desespero? Apenas aquela delícia desembestada.
As mãos? Apenas receptáculos de prazeres que conheci pela primeira vez... Primeira de muitas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A volta.. Doce volta.

Sempre quis voltar àquele lugar... Ah sim, aquele estaleiro que todos vamos quando somos crianças, e nos lembramos tão bem dos detalhes deste lugar tão conhecido pelas nossas mentes inquietas. Qual é o seu estaleiro? Sim, aquele lugar que você adorava nos primórdios, mas que agora lembra eventualmente, esforçando-se para esquecer.

Quero voltar também à Casa da Mãe Joana! Aquela casa que vamos e nos sentimos como na nossa própria, ou melhor, como se fosse a nossa, mas com certa paz - aquela que não temos no próprio leito.

Porque precisamos sempre voltar? O que é voltar? Voltar... Dissílabo estranho esse.

Voltar é relembrar? pensar de novo, ou simplesmente dar a volta? Sim, dar a volta. Este seria o conceito ideal de voltar. Dar a volta naqueles lembranças mortas que queríamos que fossem reais, mas que não podemos. Não, não podemos!

Porque nem tudo tem volta.. O voltar pode ser maleável, mas é tocável apenas com os olhos, pois o tato não tem volta.. ele não se lembra.

A importância do voltar é a mesma que se dá a algo que não se quer um dia, mas que se quer no outro, depois daquele arrependimento amargo, porém doce nas têmporas incomodadas.


A volta seria a revolta? E a revolta, seria o que? A volta que voltou de um ponto que não se lembra de dar voltas... Revoltantes voltas.

Dar a volta seria apenas voltar de um ponto de que um dia se partiu? Ou partir de um ponto que já se foi? Ou começar de um ponto que sempre volta?

Eu só queria me lembrar, sem dar a volta. E dar a volta, lembrando.

Mas creio que vou partir daquele ponto... Aquele que sou eu, querendo voltar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher



Mulher?


Aconchego. Fruto... Bendito Fruto. Colo. Descanso. Deleito.

Mulher?
Alma dividida em partes assimétricas e descontroladamente sutis que levam à loucura sem perguntar por quê!
Brilham mais que as estrelas, reverberando saudades e revelando conflitos confusos no âmago do ser materno.
Sereias cantarolantes que hipnotizam o mais profundo do inconsciente pelo afeto que se esqueceu que um dia foi dado.
Fadinhas a dançar entre asas que cintilam o olhar amoroso que só este sexo tem.
Mulher?
Sim. Mas também anjos esperançosos se alimentando de nuvenzinhas pardas com gosto de ardor incessante que tem o valor da luta.
Mulher?
Sim. Água doce. Corpo Salgado. Frescor encarcerado e olhar despedaçado. Futuro presente e passado próximo. Chocolate com pimenta. Libido instantânea. Aroma arrepiante e medo impactante.
Mulher?
Não! Razão de tudo! Motivo da conseqüência. Momento antecessor ao amor antecedido pelas carícias entre as mãos. Rostos risonhos e cabelos ao vento, voando pétalas de beleza pura. Ingenuidade intrísseca e inocência rasteira.
Este sexo oposto que é a nossa mais perfeita metade. Alma progenitora e amor gratuito. Colo desinteressado e seio farto.

Estas são as mulheres: a essência do mundo; a nossa essência, nosso salto, nosso mais puro amor adocicado com graça e folhas abertas.

Interior selado?
Não, sexo abençoado e gotas de romance aos quatro ventos.