Um dia pensei que tinha problemas. Hoje simplesmente não penso que tenho problemas, eu apenas os sinto dentro de mim, coagulando dentro de mim, como se fizessem parte do meu sangue – e não fazem?
Alguns problemas parecem mais poemas embaralhados em estigmas estraçalhados que vão penetrando e penetrando cada vez mais por dentro da minha epiderme, causando tumulto na massa encefálica que eu custo tanto a deixar organizada. Com isso, minha mente vai adquirindo aquele arroxeamento clássico daqueles problemas em vermelhidão que vão sugando partes de meus pensamentos e me tornando oco – por fora ou por dentro?
Sinto que às vezes vou me esvaindo em areia, tornando-me um com o vento e caminhando para lugares criando também outros problemas – não para mim, mas para o próprio vento, pois nós mesmos somos os nossos maiores problemas. Somos nossa própria doença venérea. Coisa fétida essa doença. Acha que devo me sentar e vê-la passar enquanto fico prostrado na cadeira observando como ela toma conta dos meus movimentos. E eu quase sempre a deixo fazer isso. Mas isso muda? Pode realmente mudar?
A mudança é o mais grave dos problemas, pois complica ainda mais os problemas que em si já causam mudanças. Mudança para alguns significa perigo. Mas para mim é apenas aquele veludo com alguns espinhos macios que me espetam querendo que eu me conforme.
Problemas... Mais problemas. Resolva-os ou... Ou... Ou...
Torne-se um.