quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Das Tripas Coração.

Já percebeu como as nuvens passam e seus olhos não conseguem acompanha-las?
- Olhos lerdos!
Vejo árvores sobrepostas e movendo – debatendo-se – e o céu ao fundo com aquelas nuvens que não consigo entender. (Desespero!).
As nuvens correndo – quase saltitando, as árvores se debatendo e os pássaros a cantar, e eu nunca consigo entender nada.
Talvez seja porque eu seja o vazio dos dias. Dos meus ou dos outros dias, pois dias são muitos, não apenas eu.
Concomitantemente [...] Não sei! Em meio a essas chuvas tempestivas e amores em carnificina, torno-me a própria chuva. A chuva que caí em pedras lisas, deslizando por entre as vidas em cifras passadas e valores ancestrais que ainda adoto.
Pedra cai... Pedra caiu... Desfaleci... Convalesci neste resguardo que alma teve antes, porém depois de incinerar o ventre, enumerando-o.
Gotas... Gotículas... Gotejo. Facas cegas que ceifam aquele momento que se chama prazer, intermitente ao fazer que também são aquelas facas – cegas em olhos de pessoas desesperadamente sãs.
Vida vai... Socos voam... Gritos ecoam... Meu medo oco... Vida seca...

Das tripas coração.

Passeios, Passados e Passarinhos.

Um dia, sonhei com formiguinhas falantes, árvores saltitantes e capim dançante.

Era um mundo maravilhoso, onde o existir é apenas mera coincidência. Era, pois as eras vão embora e levam consigo muitas eras que eu não verei mais. Talvez algum dia. Talvez, pois já era.

Sobrecarrego-me de livros teimosos e temerosos por exasperar tanto de mim que não consigo aprender, pois era fácil, e as eras já passaram.

O ontem já passou, mas passará novamente. O agora é o que se passa e amanhã se tornará ontem. O amanhã passará depois de hoje, e quando se passar se tornará o agora – este momento que passa, nunca passando.

Conflitos entre nuvens – enciumadas – que não aceitam as coincidências do agora é o que mais vejo. Escuto sempre os lampejos dos trovões reclamando das noites calmas e do sossego que os fazem não existir.

Ora, pois, então a vida é feita de coincidências, eras, passagens e túneis do tempo aberto, pois como o tempo, eu também passo.

Estou passando. E amanhã... Amanhã passei.